OS POLÍTICOS SÃO O ESPELHO DO POVO

A imprensa sempre traz condenações aos políticos. Mas nenhum político chega ao cargo sem eleição. Cada político representa milhares e até milhões de votos. Quantos votos representa um jornalista ou um funcionário público? Entretanto, muitos falam como se fossem representantes da população inteira. Nossos políticos são a imagem dos nossos eleitores. Eleitores que votam em troca de favor ou por simpatia pessoal. Eleitores que desdenham da política e nada querem saber dos negócios públicos. Eleitores que tratam o bem público como se não pertencesse a ninguém em vez de tratá-lo como propriedade coletiva.

Os políticos que saem desse meio são o reflexo de quem os elegeu. Trocam votos por favores em forma de cargos ou benefícios financeiros, assim como seus eleitores vendem votos. Desdenham a coisa pública em favor da particular, assim como seus eleitores destroem orelhões, depredam escolas e rasgam os bancos dos ônibus. Só comparecem ao Congresso para votar quando há interesse pessoal, assim como seus eleitores só votam porque é obrigatório. Há políticos que só encaminham projetos que os beneficie e aos seus, assim como seus eleitores só procuram os políticos para pedir favor pessoal, mas não comparecem nem a reuniões do condomínio ou da associação de pais e mestres.

Esta cantilena contra a política é própria de quem nada faz pela política exceto reclamar, reclamar, reclamar! Ora, se o cidadão acredita que a representação política é tão ruim por que não se candidata? Ou, pelo menos, por que não procura votar por convicção política na próxima eleição? Muitos críticos agem como se eles não tivessem nenhuma responsabilidade. Como se não fizessem parte da sociedade brasileira. Parece que desceram do céu e são todos uns anjinhos. Parece que criticar uma ação errada torna o crítico uma pessoa correta. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Criticar quem errou não atesta a lisura de ninguém.

Os especialistas em propaganda, leia-se "jornalistas-marqueteiros", quando orientam os políticos, tratam de baixar o nível da campanha para atingir a população carente, quando o correto seria elevar o nível do debate para esclarecer os eleitores. Converse, leitor, com um "marqueteiro" sobre política e ele será o primeiro a desancar os políticos. Os radialistas, quando enveredam pela política, revelam-se péssimos políticos. Em geral não se reelegem. Mas falam ao microfone da rádio como se fossem umas vestais. Os barbeiros e motoristas de táxi têm solução para tudo e tem-se a impressão de que o Brasil seria um paraíso dirigido por um deles. Os funcionários públicos, quando não tem cargo de chefia, são corretíssimos, honestíssimos! Pelo menos, falam como se fossem. Mas, basta receberem uma gratificação de chefia para se tornarem bem mais compreensivos e silenciosos.

Chega de passar a mão na cabeça dos eleitores! Chega de fingir que não é conosco! O Brasil é obra coletiva de todos nós. Um político não se sustenta se não possuir raízes na população que o elegeu. E, muitas vezes, tais vínculos passam longe da moral e até da lei. Os criminosos chegam às casas legislativas no vácuo da nossa omissão enquanto cidadãos. Reclama-se da polícia mas ninguém quer testemunhar. Significa que os bandidos estão presentes onde faltam o Estado e a cidadania. Somos egoístas e vivemos a recomendação: farinha pouca, meu pirão primeiro! Para mudar a política é preciso que a população mude de conduta, participe da política e vote com a mesma honestidade que exige dos políticos.

Wellington de Lucena

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